A Sociedade Mineira de Somiluana precisa de 35 milhões de dólares para elevar os níveis de produção de diamantes dos actuais sete para a 12 mil quilates por mês, na província da Lunda-Norte, a partir do primeiro trimestre deste ano.
A informação foi prestada pelo director-geral adjunto para a área de operações mineiras, Guilherme Raimundo, para quem, à semelhança de outros operadores do sector diamantífero, a empresa foi, fortemente, afectada pelo impacto da Covid-19 e, nesse momento, carece de investimentos para a aquisição de novos equipamentos para todas as áreas.
O responsável afirmou que, desde Novembro do ano passado, a mina começou a sentir a baixa da disponibilidade de equipamentos, facto que impediu o alcance das metas preconizadas para o referido exercício económico, aliada a depreciação do preço do diamante no mercado internacional.
De acordo com Guilherme Raimundo, independentemente da dimensão de cada uma, toda a indústria diamantífera atravessa um período financeiro difícil, desde o surgimento da pandemia da Covid-19.
Para a Sociedade Mineira de Somiluana, os desafios dos accionistas, entre às quais a ENDIAMA, passa pela reestruturação, aquisição de novos equipamentos com consolidação dos níveis de produção, para garantir a manutenção e sobrevivência da empresa.
A insuficiência de equipamentos é na opinião do director-geral adjunto responsável pelos baixos 35 por cento de realização dos objectivos planeados para 2022, representando um percentual de 9,0 por cento do investimento geral feito naquele mesmo ano.
Em razão disso, para o primeiro trimestre desse ano, espera-se por novos equipamentos, o que permitiria a concretização das projecções de atingir-se 12 mil quilates/mês. Depois desta recuperação, de Abril a Julho, prevê-se que os indicadores cheguem nos 18 mil quilates em termos de capacidade de produção diamantífera.
De acordo com os dados avançados, a Somiluana, que obteve produção estimada entre 12 e 16 mil quilates, mas passou a rever estes indicadores em baixa, situando-se agora nos sete mil quilates.
A empresa tem privilegiado a produção de pedras de maior tamanho, com boa qualidade, em menor quantidade, de forma a obter mais receitas.
A empresa, conforme defendeu, precisa de recorrer a bancos credíveis que favoreçam nos juros aplicados, para ter recursos financeiros que possibilitem reforçar os investimentos em compra de novos camiões, meios pesados como escavadoras e outros.
Venda de diamantes
O director-geral adjunto para as operações mineiras da Sociedade Mineira de Somiluana disse que a situação das vendas não está boa, tendo em conta as baixas até agora registadas. Ou seja, nas últimas vendas, a operadora diamantífera perdeu cerca de 43 por cento do habitual.
Segundo o gestor de operações da Somiluana, não será possível manter a mina, sem a obtenção de lucros, tendo acrescentado que nesse momento, os patrões da empresa estão a depender da estabilidade do mercado, incluindo as principais moedas, sobretudo o Euro para melhorar actividade produtiva.
O que está a ser feito nesta fase de recuperação, segun-do Guilherme Raimundo, tem a ver com a manutenção da sobrevivência da empresa, mediante o controlo dos custos operacionais, com a redução de vários itens, como viagens e compras no exterior.
As aquisições fora do país e viagens de trabalhadores, passaram a ser feitas duas vezes por semana, incluindo a redução da revisão dos meios de trabalho, explicou, referindo que a recuperação dos níveis de produção de-pende também de muitos factores externos.
Indicadores posicionam o país entre os maiores produtores
Angola é um dos maiores produtores mundiais de diamantes. As principais áreas de extracção de diamantes do país ficam nas províncias da Lunda-Norte e Lunda-Sul, no Nordeste do país. Todavia, há exploração diamantífera já em escala considerável na região centro, com realce à província do Bié.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, disse em Fevereiro do ano passado, numa Conferência Internacional sobre diamantes, realizada, no Dubai, Emirados Árabes Unidos, que, nos últimos dez anos, Angola foi o único lugar do mundo onde sua produção cresceu por força das novas descobertas de jazigos de diamantes, razão pela qual, o país pode vir a ser, em 2030, o segundo maior produtor mundial de diamantes brutos.
Na ocasião, informou aos presentes que “Angola é o próximo Pólo mais importante de mineração e atracção de investimento mineiro, dado o elevado potencial existente, as excelentes oportunidades de negócios e um regime fiscal favorável”.
Reiterou que, depois da reorganização do sector mi-neiro e reformulação dos processos de comercialização de diamantes, “o país está engajado na abertura da sua Bolsa de Diamantes, a acontecer ainda este ano de 2022”, em data a anunciar oportunamente, tendo, na ocasião, convidado os presidentes das bolsas de diamantes presentes no evento a visitarem Luanda, propriamente a Bolsa Angolana de Diamantes.
A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA E.P) previu, para 2022, uma produção de 10,05 milhões de quilates e uma receita estimada no valor de 1,4 mil milhões de dólares. Em 2021, o sector registou uma produção de 8,7 milhões de quilates, dos 9,1 milhões previstos, 3,8 por cento abaixo da meta estabelecida.
Gestores asseguram medidas protectivas ao emprego
O director-adjunto Guilherme Raimundo fez saber também que se precisa desenvolver e fortalecer os desafios actuais, tendo garantido que medidas continuam a ser projectadas para assegurar o emprego e a produtividade dos quadros.
Entre as medidas, citou o controlo do consumo de combustível e derivados, a gestão da perca de tempo, incluindo a disciplina laboral por parte dos trabalhadores, as quais estão a ser tomadas para manter funcional a operadora e, por via disso, assegurar-se o posto de trabalho de cada um dos quadros ali empregados.
A mina tem um volume de reservas prováveis de diamantes, avaliadas em mais de um milhão de quilates, com um grau de confiabilidade de 60 por cento.
Apesar das dificuldades financeiras que a empresa atravessa, os gestores da Sociedade Mineira Somiluana alocaram 2 por cento do investimento global para atender questões ambientai, superando 1,5 estabelecidos internacionalmente, informou o director-geral adjunto para as Operações Mineiras.
O pacote aprovado, representa mais de 500 mil dólares norte-americanos para a melhoria das acções de impacto ambiental, afirmou sublinhando que desde o consumo de combustível, passando pelas áreas da Metalurgia até à Engenharia, houve muitos avanços.
A par da criação de viveiros florestais, a Somuluana designou equipamentos para fins de defesa ambiental, contando agora com uma empresa que compra o olho queimado produzido na mina. Está ainda em curso, o estabelecimento de parceria com outra empresa que passará a adquirir ferro velho e outras sucatas, disse o gestor mineiro.
A Somiluana opera a 70 quilómetros da sede municipal do Lucapa, província da Lunda-Norte, onde assegura uma oferta de sete mil quilates mês de diamante bruto.
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